HAVER� AINDA QUEM OS OIÇA E SEJA CAPAZ ACREDITAR?
Quem os ouvir – mas haverá ainda quem verdadeiramente os oiça? quem os tome mesmo a sério? –, quem ainda tiver paciência para ouvir o actual discurso dos bispos e dos cardeais da Igreja Católica Romana, há-de pensar que, por todo o lado, neste nosso mundo de hoje e em nome de uma “sociedade aberta”, os «laicos» tomaram o poder, o «laicismo» transformou-se em «religião de Estado» e que, perseguidas e acossadas, as religiões – todas as religiões, com o catolicismo na dianteira – tiveram que se remeter à discrição das sacristias, quando não foram mesmo forçadas a recolher-se na escuridão clandestina das catacumbas.
Que fazer, então, perante esta desgraça? Como actuar perante aqueles que, “em nome de uma sociedade tolerante e respeitosa, impõem como único valor comum a negação de todo e qualquer valor real e permanentemente válido”?
A resposta é simples, quase evidente: “Face a tais pretenções, o mÃnimo que podemos [nós, os católicos] fazer é rebelar-nos”!!!
E – espantoso!!! – estas fantásticas afirmações foram proferidas pelo cardeal TarcÃsio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, ontem, em Fátima, perante uma multidão de milhares de peregrinos mais ou menos anónimos e de inúmeras individualidades oficiais de todo o tipo, com transmissão directa pelas rádios e pelas televisões…
Mas, depois de ser obrigado a ver e a ouvir, através dos meios de comunicação do Estado (e não só), durante horas e horas e horas a fio, as cerimónias do «13 de Outubro» em Fátima, haverá ainda quem possa levar a sério este discurso?
Entretanto, inauguram a «BasÃlica da Sagrada FamÃlia» – 9000 lugares sentados, a quarta igreja maior do mundo!!!
“Num post anterior argumentei que Portugal deveria imitar a constituição irlandesa e considerar a blasfémia um crime. Na caixa de comentários, o Euroliberal corrigiu-me, chamando a atenção para o facto de a blasfémia ser crime em Portugal. E citou os artigos 251º e 252º do código penal. A pena vai até um ano de cadeia ou 120 dias de multa.Trata-se de uma daquelas situações muito frequentes na cultura católica em que certas leis existem, mas não são aplicadas.”
A ARL devia ponderar alterações aos artigos 251º e 252º do Código Penal.
Do ponto de vista Laico, a ‘blasfémia’ não existe: a liberdade de consciência implica necessariamente a liberdade de expressão e qualquer ser humano livre deve poder exprimir-se livremente sobre qualquer assunto: polÃticos, religiosos,etc. A liberdade de pensamento ou é absoluta ou não existe!
‘Blasfémia’ é um conceito puramente religioso e a sua prática era (e em alguns pontos do globo ainda é), de facto, penalizada com a condenação à morte!!!!: ‘…uma daquelas situações muito frequentes nas ‘culturas e tradições monoteÃstas’… E parece-me que, numa ‘cultura republicana e democrática’ as Leis devem-têm de
ser universais e abrangentes, o mesmo acontecendo com a sua aplicação.